Pensando aqui sobre eu e a vida velha neste mundo novo.
Sobre suas leis e os seus dogmas, as certezas e as super-verdades.
Pensando na vida, nos seus valores, no que devemos e no que deve ser pago.
Pensando nas diferenças entre um e um, entre outro e outro, pensando no que foi pensado.
Pensando no que foi implícito, diferenciado, em quem foi nomeado barão, puta e criado.
No separado tudo junto e no tudo junto separado, no grande vagabundo e no pequeno dedicado.
No célebre diplomático discurso vão, no pequeno garoto que escreve errado.
E me parece que há um espaço, uma vala por onde passam as águas das chuvas, as lágrimas, o leite e o sangue, tudo o que derramado!
E me parece que há um espaço que me separa deste mundo que inventaram, deste absurdo consumado, deste tudo o que foi dito, pregado, decretado, rimado!
E me parece que há um espaço, sem uma ponte que, amigo então, me fizesse chegar ao outro lado, entender como é tudo isso, participar deste conglomerado;
E me fizesse crescer e lutar, viver e amar, para um dia quem sabe ao meu leito de morte suspirar tranqüilo com ar realizado.
Espaço este que não sei o nome, a razão de ser, do intervalo, o porquê de o quê que é o quê que corta meu caminho e me deixa ilhado.
E me parece que há um espaço.
Ederson R. Zanchetta – 16 de outubro de 2008