quarta-feira, novembro 24, 2010

Cadê mim?


Cadê mim?
Cadê?
Eu, por mim procuro.
E eu não me vejo

Em todos os espelhos
E à beira do lago
Não me vejo mais
Como eu gostava
Como costumava ser

Minha vida está se tornando tão grande
Eu tenho passado por tantos lugares
Aonde foi que me perdi?
Onde posso ter me esquecido?

Nem com toda a minha vaidade
Nem com toda aquela beleza
Que eu gostava de ver...

Eu estou cheio de lembranças
Eu estou cheio de saudades

A vida muda, como a estação muda
Como eu mudo, de cidade...
Como você planta uma muda
Como uma muda, única que me avistou
Não pode falar, dizer-me onde foi que me encontrou.


Ederson R. Zanchetta – 24.11.10

quinta-feira, julho 15, 2010

Indago...

De quê adiantaria uma vida toda se não há toda vida?
E assim vivamos sorrindo, gemendo e chorando
Nessa vida que se limita!


Ederson R. Z. - 15 jul 2010

segunda-feira, junho 28, 2010

Seguro obrigatório - DPVAT

Pois é...
Não postei este mês, mil coisas à resolver, mil coisas para esquentar a cabeça e o pior de todas é este!!!
Mês de vencimento, limite para pagar meu primeiro DPVAT da minha moto...
Eu queria te amar Brasil, de verdade... Juro que queria... Tá foda!

segunda-feira, maio 31, 2010

Um sonho num sonho

Este beijo em tua fronte deponho!
Vou partir. E bem pode, quem parte,
francamente aqui vir confessar-te
que bastante razão tinhas, quando
comparaste meus dias a um sonho.
Se a esperança se vai, esvoaçando,
que me importa se é noite ou se é dia...
ente real ou visão fugidia?
De maneira qualquer fugiria.
O que vejo, o que sou e suponho
não é mais do que um sonho num sonho.

Fico em meio ao clamor, que se alteia
de uma praia, que a vaga tortura.
Minha mão grãos de areia segura
com bem força, que é de ouro essa areia.
São tão poucos! Mas, fogem-me, pelos
dedos, para a profunda água escura.
Os meus olhos se inundam de pranto.
Oh! meu Deus! E não posso retê-los,
se os aperto na mão, tanto e tanto?
Ah! meu Deus! E não posso salvar
um ao menos da fúria do mar?
O que vejo, o que sou e suponho
será apenas um sonho num sonho?


Edgar Allan Poe

quinta-feira, maio 06, 2010

O velório

Nem todos, chorarão minha ida
Nem os chacais, nem os corvos
Minh’alma desvairada
Perambula, vagando os portos

A luz é um pequeno ponto
Enquanto as trevas são o todo à sua volta
Os cães uivam ao badalar estridente
Enquanto choram os que ficam e olham

A mãe me disse que ele está ali, dormindo
Está apenas a descansar

Retirar-me-ei então, daqui sorrindo

Está tarde e quero também me deitar


A vó brigou por terem me trazido aqui
Disse que não deveria ver nem compreender
Que noite esquisita e que fim notório
Velas, lágrimas e um caixão
Esta foi a vez, em que pequeno, fui a um velório


Ederson R. Zanchetta – 23 de abril de 2010

segunda-feira, maio 03, 2010

Antítese


O seu prêmio? — O desprezo e uma carta de alforria
quando tens gastas as forças e não pode mais ganhar
a subsistência. (Maciel Pinheiro)


Cintila a festa nas salas!
Das serpentinas de prata
Jorram luzes em cascata
Sobre sedas e rubins.
Soa a orquestra ... Como silfos
Na valsa os pares perpassam,
Sobre as flores, que se enlaçam
Dos tapetes nos coxins.

Entanto a névoa da noite
No átrio, na vasta rua,
Como um sudário flutua
Nos ombros da solidão.
E as ventanias errantes,
Pelos ermos perpassando,
Vão se ocultar soluçando
Nos antros da escuridão.

Tudo é deserto. . . somente
À praça em meio se agita
Dúbia forma que palpita,
Se estorce em rouco estertor.
— Espécie de cão sem dono
Desprezado na agonia,
Larva da noite sombria,
Mescla de trevas e horror.


É ele o escravo maldito,
O velho desamparado,
Bem como o cedro lascado,
Bem como o cedro no chão.
Tem por leito de agonias
As lájeas do pavimento,
E como único lamento
Passa rugindo o tufão.

Chorai, orvalhos da noite,
Soluçai, ventos errantes.
Astros da noite brilhantes
Sede os círios do infeliz!
Que o cadáver insepulto,
Nas praças abandonado,
É um verbo de luz, um brado
Que a liberdade prediz.

(Castro Alves 1847-1871)

domingo, abril 25, 2010

Vermelho não de amor

Cuidar e amar feito um cão
Caçar e matar feito um tigre
Palavras e sentimentos de ódio
Queimam a vista, ardem os olhos
Aceleram agora um coração
Que não por paixão, bate descompassado

É tão infeliz e soberbo
Que eu nem deveria continuar
A dar-lhe atenção e pérolas

Tudo o que há em altas dosagens pode ser perigoso
Inclusive o dom de sentir e dizer
Os minutos de vida que este ódio me tomou
Usei para escrever-te isto
Mal acredito estar hoje escrevendo
Um poema ao meu inimigo

Ederson R. Zanchetta – 23 de abril de 2010

quinta-feira, abril 08, 2010

A Fidelidade e a Infidelidade

Uma sala escura. Apenas uma luz fosca em cima de uma pequena mesa redonda. Dois espectros, sentados em cadeiras dispostas uma de frente para a outra, iniciam um diálogo:

Fidelidade: antes de iniciar nosso diálogo, gostaria de lembrar-te que somos irmãs, separadas apenas e tão somente por um prefixo de negação. Creio, portanto, que chegaremos a um consenso.

Infidelidade: você e essa mania insípida de entendimento, esse medo inato do choque. Não podemos simplesmente conversar?

Fidelidade (indiferente): só achei importante ressaltar…

Infidelidade: julgo seu discurso fraternal como uma boa forma de introdução. Responda-me uma dúvida: por que, afinal de contas, você tem essa necessidade de manter tudo sobre controle? Concluo que por esse motivo você não serve aos seres humanos: eles pensam que controlam tudo, mas não controlam absolutamente nada. Por essas e outras, sou uma opção muito mais adequada ao modo de vida deles.

Fidelidade: por favor, não entremos no mérito do caráter humano. Vejo-me como uma escolha. Se existe um casamento com a disposição de divisão, doação e comunhão não existem motivos para que o casal esconda nada um do outro. Reitero: não sou uma regra, sou uma opção. A relação só é válida se a verdade prevalece. Esconder uma traição é mentir a si mesmo e à pessoa que você diz amar. Uma relação baseada em mentiras simplesmente não é uma relação, é um embuste. Após uma traição, cedo ou tarde, o pacto de intimidade e cumplicidade desmonta feito um castelo de cartas. É o começo do fim inevitável!

Infidelidade (ríspida): você e suas regras estúpidas. Por que citou o casamento? Só depois de assinar uns papéis e fazer uma cerimônia fora de moda é que as pessoas têm a necessidade de serem verdadeiras umas com as outras? Acho que o jogar limpo deveria ser uma regra absoluta desde o primeiro encontro. A vida, entretanto, não é simples nem justa. De tanto eles jogarem limpo, acabam se sujando. Por isso, continuo como a melhor das opções. Os seres humanos precisam esconder seus absurdos uns dos outros.

Fidelidade (indignada e irônica): Meu Deus, é um caso de bipolaridade! Quer dizer que não concorda com sua natureza, mas a enxerga como a mais adequada, é isso?

Infidelidade (fria e falando baixo): não sou bipolar, sou prática, pé no chão e realista. Tenho consciência de que relações se desgastam, as pessoas se entediam uma com as outras e precisam buscar válvulas de escape. Admitir uma traição é um erro, já que o ego destroçado do ser humano não resiste ao fato de que seu parceiro está dividindo o leito com outros. Essa verdade, apesar de nobre, destroça a relação, o traído e o próprio traidor, que se remói em culpa da mesma forma. E você aí, vivendo em um mundo de fantasias…

Fidelidade (desolada): você não se sente péssimo pelo fato de no fundo ser contrário à sua própria natureza? Você é uma romântica de merda e sabe disso.

Infidelidade (serena, acende um cigarro): não tenho motivos para me sentir péssima. Eu sou um amparo à miséria humana. A traição é um traço intrínseco deles e deve sim ser acompanhada pela falsidade para que as relações não fracassem. Sem o trinômio mentira, hipocrisia e traição seria impossível constituir uma família.

Fidelidade (pede um trago do cigarro): Não acho. Existem pessoas que se conscientizam das dificuldades de se dividir uma vida a dois e fazem da verdade e da honestidade a principal marca da relação. Duas pessoas que realmente se amam não podem mentir uma para as outras, por mais que doa. A verdade sustenta o amor. Sem ela, o amor não existe.

Infidelidade (arranca o cigarro da mão da fidelidade e desdenha): esse casal que você está descrevendo perderia a libido um pelo outro cedo ou tarde. E, desculpe, mas você sabe que entre as pulsões do inconsciente humano o sexo é tão fundamental quanto a fome e, para agravar o quadro, as relações abertas estão fadadas ao fracasso. O ser humano é possessivo, mas gosta de perversão, gosta de ter na cama uma pessoa por quem sinta amor e ódio. E é egoísta, só ele tem o direito a esse pequeno delito, o parceiro não. Eu, rondando a situação sem ser notada, alimento o amor e todos ficam felizes.

Fidelidade (dona de si): acho que você chegou a um ponto interessante. Presumo que a razão de suas forças serem maiores que as minhas consiste no fato de que as pessoas nunca terminam se relacionando com aquelas que verdadeiramente amam. Vou tentar explicar. Um homem ama determinada mulher. Ela, por sua vez, não o ama. Ele se humilha, declara seu amor e sofre sem ser recompensado. Desiste e acaba se relacionando com outra mulher apenas para fugir de seu antigo e eterno amor. Acho que grande parte dos casais não se ama e por isso é infiel. Se você realmente ama uma pessoa, não tem vontade de traí-la; se tiver vontade, a reprime, e se não reprime, revela a verdade e agüenta as conseqüências. Logo, sua natureza, cara infidelidade, é o puro resultado da falência do amor. Não me venha com essa bobagem de que é você quem o alimenta.

Infidelidade (confiante): é a velha lei da balança: em uma relação um sempre vai gostar mais do outro. Essa disparidade, que é o padrão humano, desequilibra a situação. Aí que eu entro para salvar tudo. E o melhor: por baixo dos panos, em silêncio. O ser que não ama verdadeiramente a sua parceira complementa suas satisfações com amantes e consegue manter uma relação minimamente estável. O ser que ama, por outro lado, vive conscientemente iludido e fantasia que tudo está bem. Sou o peso que equilibra a balança. Sem mim, seria o caos.

Fidelidade (exasperada): Não, não, não! Você é apenas um produto das fraquezas humanas e da falência do amor. Você é parte do caos. Será que não percebe que você não passa de mais um dos tantos defeitos de caráter do ser humano? Eu sou uma opção, as pessoas podem escolher a verdade. Ser fiel não quer dizer não trair. Ser fiel significa dizer a verdade acima de todas as coisas. Ser fiel é realmente viver uma vida de verdade. Nem que para isso o ser fique e viva sozinho pelo resto de seus dias. Para ser fiel é preciso ser forte de verdade. Só a fidelidade leva o ser humano a ter uma vida. Sem ela, tudo não passa de um embuste! Um ser que não é fiel com ele mesmo nem com quem ama não pode dizer que realmente viveu uma vida! Ele apenas a encenou, a deixou escapar entre seus dedos! Se não quer ser fiel, que aproveite os gozos da liberdade solitária!

Infidelidade (zombeteira): AHAHAHA… Eles não agüentam a solidão. O mundo e a vida são muito cruéis para que eles suportem tudo sozinhos. Eles necessitam de uma companhia, de um porto seguro, mesmo que não passe de encenação. Chega um momento da vida em que eles não suportam e se entregam à vida a dois. É quase uma regra: raros são os que resistem. Você realmente vive em um mundo de fantasias…

Fidelidade (insegura): isso não é verdade… Você mesmo não concorda com essa farsa. Você deveria se unir a mim para despertarmos esses seres sem rumo. Por que não me ajuda? Por que prossegue com essa frieza no olhar?

Infidelidade (reflexiva, acende outro cigarro): o que você não percebe é que ambos somos produtos da mente humana. Pare de pensar que você é uma verdade absoluta, uma salvação ou que você controla suas próprias ações. Quem decide por nós são eles. Lembra-se? Somos irmão, separados apenas por um prefixo. Nós apenas continuamos vagando feito fantasmas. São eles quem possuem o livre-arbítrio para decidirem que caminho seguir. Se ao menos pudessem nos ouvir… Se ao menos soubessem o poder que têm nas mãos… Mas esqueça. Eles estão perdidos demais para enfrentarem a verdade, seja lá qual for ela, a minha ou a sua.

Fidelidade (olhos baixos, pega um cigarro, coloca no canto da boca e acende).

As duas se olham em silêncio… Apagam-se as luzes.

(Autor desconhecido)

terça-feira, fevereiro 09, 2010

Twist and Shout

Bem, agite seu corpo baby,
agora Gire e grite
Vamos, vamos, vamos, vamos, baby,agora
Anime-se e se exercite bastante
Bem, se exercite bastante querida
Você sabe que você está bem
Você sabe que você me mantém agora
Assim como eu sabia que você faria

Bem, agite seu corpo baby, agora
Gire e grite Vamos, vamos, vamos, vamos, baby, agora
Anime-se e se exercite bastante
Você sabe que você agita, garotinha
Você sabe que você agita muito bem
Venha e agite um pouco mais perto agora
E me deixe saber que você é minha, woo


Ah, ah, ah, ah
Yeah, agite seu corpo baby, agora Gire e grite
Vamos, vamos, vamos, vamos, baby, agora
Anime-se e se exercite bastante
Você sabe que você agita, garotinha
Você sabe que você agita muito bem
Venha e agite um pouco mais perto agora
E me deixe saber que você é minha, woo
Bem, agite, agite, agite, agora baby
Bem, agite, agite, agite, agora baby
Bem, agite, agite, agite, agora baby
Bem, agite, agite, agite, agora baby
Ah, ah, ah, ah


The Beatles

terça-feira, janeiro 12, 2010

Novamente reticências...

(...)
Ai minhas amadas reticências...
Sempre comigo...
Como as amo...

Dizem tanto em tão pouco espaço do papel...


Ederson R. Zanchetta - 12 jan 2010