sábado, maio 19, 2012

Memórias

Um sonho se encerra,
E o dia recomeça.
 

O gentil que me outorga,
Outrora com vão elogios,

Desconhece ou desentende,
A explanada da minha vida.

Poderia eu viver e amar,
Dormir sem nem pensar,
Na velha ferida?


Ederson R. Zanchetta
(Antigas memórias e versos, algo encontrado rabiscado, rascunhado num pedaço de papel jogado numa gaveta bagunçada).

quarta-feira, abril 18, 2012

Pill Hill Serenade

Mark Lanegan



 
Luzes fracas através da chuva prateada
Alguém está excitado por estar indo embora
A primavera parece com dezembro neste canto agora
Deixe a memória desaparcer e eu irei esquecer

Bem, eu espero que ela não esteje sozinha
Sorrindo em qualquer lugar que ela for... tão doce
Então eu me lembro, ela esta um pouco mais velha agora
Eu deixaria isto desaparecer mas eu não sei como
E quando o sol começa a morrer
Você fica cheio disto
Fazendo um lamento em sua cabeça o tempo todo

Época de primavera ou dezembro
Não posso achar proteção agora
As crianças ficam excitadas
Quando o sol está por perto

Eu vou andar na chuva prateada
Procurando por mim mesmo
Andando por milhas até a memória desaparecer

E quando o sol começa a morrer
Tornando isto difícil quando você sabe
Que esta é uma história que fica sendo contada o tempo todo

segunda-feira, janeiro 30, 2012

Decepção e Desprezo

É camarada, você é como a palha.
Brilha, queima depressa.
E logo some, apaga, sem graça.


Ederson R. Zanchetta - 30 de janeiro de 2012

quarta-feira, janeiro 11, 2012

Life by the drop



Olá meu velho amigo
Há não muito tempo atrás isso iria té o fim
Nós brincamos lá fora no cair da chuva
No nosso caminho sobre a estrada nós começamos tudo de novo

Você está vivendo sonhos no topo
Minha mente está doendo, oh senhor isso não vai parar
Isso é o que acontece quando se vive pela música

Em cima e em baixo da estrada nos nossos sapatos desgastados
Falando sobre coisas boas e cantando blues
Você seguiu o seu caminho e eu fiquei para trás
Nós dois sabiamos que era apenas uma questão de tempo

Você está vivendo sonhos no topo
Minha mente está doendo, oh senhor isso não vai parar
Isso é o que acontece quando se vive pela música

Não gaste o tempo permitido hoje
Trazendo de volta o passado, não é o caminho mais fácil
Tempos passaram entre nós, um meio para o fim
Deus, é tão bom estar aqui andando junto com meu amigo

Vivendo nossos sonhos
Minha mente parou de doer
Isso é o que acontece quando se vive pela música


sábado, dezembro 24, 2011

Ainda

Ainda, que eu soubesse o quê dizer
Ainda, que você soubesse ouvir
Ainda, que soubessem o quê pensar
Eu não teria qualquer lugar
Para ficar tranquilo, ainda.

Ederson R. Zanchetta - 23 de junho de 2009

sexta-feira, dezembro 09, 2011

Edvard Munch


Edvard Munch e um de seus rabiscos (ah, se ele pudesse ouvir isso).
Pintor norueguês, com influências impressionistas.
Seu quadro de maior importância foi pintado aos trinta anos de idade. O famoso "O Grito" que deu início ao expressionismo.

sexta-feira, novembro 11, 2011

Circuito Fechado

Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, telefone, agenda, copo com lápis, caneta, blocos de notas, espátula, pastas, caixa de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo. xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de dentes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone interno, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maço de cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapos. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras, cigarro e fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.

Ricardo Ramos

quarta-feira, novembro 02, 2011

Em São Paulo

Em São Paulo temos pressa. Tem muita coisa, muita gente, muita rua, muito carro. Eu vim falar para vocês aqui hoje sobre como é a vida em São Paulo. E São Paulo é muito grande, tudo fica muito longe! Em São Paulo todos estão sempre com pressa, sempre correndo. É de metrô ou trem, carro, moto ou à pé, estamos sempre correndo aqui. E em São Pa...
Tenho que ir, depois termino de escrever isto aqui pra vocês.

Ederson R. Zanchetta - 02 de novembro de 2011

terça-feira, setembro 27, 2011

Gato notívago


E sigo sozinho
Como um gato notívago
Pelos telhados irregulares
Das casas emergentes

Telhas quebradas
Por entre lanças e espinhos
Caminho absoluto à noite

Caçando o almoço
Jantando a caça
Vivendo de graça em graça
Da vida que me mantém vivo
Como por algum interesse pessoal

Um gato noturno
Alheio a outros bichos
Com o seu próprio ritmo
E individualidade felina

Poucos vêem
Ninguém compreende
E com todo esse desalento
À minha subsistência vou vivendo
À minha condição, é apenas (...) ser.


Ederson R. Zanchetta – 27 de setembro de 2011

terça-feira, agosto 23, 2011


Stay
Mark Lanegan
(Lanegan/Johnson)

The heart will pound until the breath is gone 
You know what I love so, put me on 
Something has badly gone wrong with me
Livin's not hard, it's just not easy
Always keepin' the dogs off

Down like the rain, down like the rain
Comin' down like the rain, comin' down 
Oh I wanna be there, by your side
Cause this feels like dyin' baby 
Let me stay around, let me stay around

You take my heart, and my breath is gone 
You know what I love so, put me on 
Feel a little light-headed, you know I'd have to be
Believin' ain't hard, it's just not easy
Stayin' blind to the obvious 

Down like the rain, down like the rain
Comin' down like the rain, comin' down 
Oh I wanna be there, by your side
Cause this feels like dyin' baby
Let me stay around, let me stay around

terça-feira, junho 14, 2011

Sentir enclausurado

Quando eu era pequeno, bem pequeno, aliás...
Dormia num berço qualquer...
Algum tempo se passou, comecei a me sentir enclausurado por aquele berço, que,
Tornava-se menor a cada dia...
Eis que me libertei...

Depois morando na casa da minha mãe, no meu quarto...
Algum tempo se passou, comecei a me sentir enclausurado por aquele quarto, que,
Tornava-se menor a cada dia...
Eis que me libertei...

Morando no interior, numa cidade pequena...
Algum tempo se passou, comecei a me sentir enclausurado por aquela cidade, que,
Tornava-se menor a cada dia...
Eis que me libertei...

Habitando nesse nosso país...
Algum tempo se passou, comecei a me sentir enclausurado por esse país, que,
Tornava-se menor a cada dia...
Eis que me libertei...

Agora, habitando nesse mundo, azul, redondo, mundo nosso...
Torna-se menor a cada dia...
Começo a sentir-me enclausurado.

Ederson R. Zanchetta – 14 de junho de 2011

sexta-feira, abril 22, 2011

O Lobo da Estepe


       Fez-me entrar no quarto, que recendia a forte cheiro de tabaco, tirou um livro de uma pilha deles, folheou-o à procura.
       - Esta aqui também é muito boa - disse. - Veja só esta frase: "O homem devia orgulhar-se da dor; toda dor é uma manifestação de nossa elevada estirpe." Magnífico! Oitenta anos antes de Nietzsche! Mas não é esta passagem que eu pensava mostrar-lhe... Espere, aqui está. Ouça: " A maioria dos homens não quer nadar antes que o possa fazer." Não é engraçado? Naturalmente, não querem nadar. Nasceram para andar na terra e não para a água. E, naturalmente, não querem pensar: foram criados para viver e não pensar ! Isto mesmo! E quem pensa, quem faz do pensamento sua principal atividade, pode chegar muito longe com isso, mas sem dúvida estará confundindo a terra com a água e um dia morrerá afogado.



HESSE, Hermann. O lobo da estepe; tradução de Ivo Barroso. Rio de Janeiro - São Paulo: Record, 2010.
Trecho: pág. 26 e pág. 27.

segunda-feira, abril 18, 2011

Roupas velhas

Eu gosto das minhas roupas velhas
Porque elas lembram a mim
Quando esqueço quem fui
Eu gosto das minhas roupas velhas
Porque elas já conhecem o jeito do meu corpo
Quando esqueço a forma que tenho

Eu gosto das minhas roupas velhas
Porque elas já conhecem o caminho que sigo
Quando esqueço o meu destino
Eu gosto das minhas roupas velhas
Porque elas me fazem lembrar
Da forma que você as arrancou

Eu gosto das minhas roupas velhas
Porque sem aquela goma de novas
Conseguem mostrar melhor como são
Eu olho para as minhas roupas velhas – Eder... –.
E elas me respondem –... son –
.

Ederson R. Zanchetta – 6 de abril de 2011

domingo, março 06, 2011

Song For Sampa


Eu ainda nem senti o que faz você brilhar
e os automóveis passam pelas ruas...

Caminhando com ninguém
a cidade ao meu redor
Eu quero alento para um recomeço
e vai acontecer, eu vou te encontrar

pra gente sair, sonhar feliz pelas noites sem luar.
E de que vale o céu se a nebulosa de faróis vêm me dizer que isso é pra sempre?

Passageiros no metrô, a rua Augusta, e o Rock N' Roll,

eu penso "essa é a minha cidade",
Eu jamais vou te esquecer, para sempre vou te amar,
mesmo algum tempo depois do futuro.
E vai acontecer, eu vou te encontrar
pra gente sair, sonhar feliz pelas noites sem luar.
E de que vale o céu se a nebulosa de faróis vêm me dizer que isso é pra sempre?


Lobão

domingo, fevereiro 20, 2011

1º de 2011

Bem, depois de um tempo em silêncio resolvo vir aqui. Falar; Escrever.

Às vezes menos é mais...


Ando tão corrido, vivendo como todo mundo.
Trabalhando com artes gráficas, produzindo mídia impressa no centro da cidade. E estudando agora também.
Cursando Design Gráfico na Universidade Paulista.

Começamos um breve ano, 2011 este ano que será curto.
Então se posso dar algum conselho. Faça de suas noites mais curtas...

Depois de tanto tempo estagnado, patinando no interior sem muitas pretenções na vida, carreira, profissão...
Foi bom sim, não tem como negar. Vivi uma vida social bem legal, cheio de amigos, saídas, diversão...
Mas a vida não é só isso (infelizmente, ou não...).

Esses tempos ouvi algo interessante:
"O homem precisa aprender a aceitar três coisas na vida:
- Trabalhar
- Brochar
- Morrer..."

Bem, acho que estou na primeira...
E não é fácil, realmente...
Às vezes penso que meu trabalho não resolve minha vida, a sensação não é boa...
Ao menos paga minha faculdade...
É complicado. Por momentos penso naquelas antigas idéias inspiradas no socialismo.
"Ah, eu produzo muito mais do que ganho, os patrões enriquecem nas minhas costas..."
Mas, fazer o quê?!
Este é o mundo, o sistema politico-econômico em que vivemos. Ao menos hoje tenho alguma perspectiva de futuro.
Parece engraçado, "viver de futuro", mas é mais ou menos assim que a coisa funciona.

Eu não andei nem com tempo, nem com espaço para vir escrever mais aqui. Não sei dizer nem qual é meu maior problema nesta casa. Se Tempo ou se Espaço (talvez espaço mesmo).

É difícil se desprender de algumas coisas na vida e... "Mudar"...
Mas não se pode ter ou ser tudo...
Espero estar fazendo o certo, o melhor.
Saudades algumas vezes até me atormentam. Mas tento ver pelo ângulo de que se não fossem por elas significaria que eu não fiz nada de bom antes.

Estou feliz por estar atualizando este velho blog (com cara de novo) hoje.
Vivam!
Vivam bem!


"Não declare que as estrelas estão mortas só porque o céu está nublado."

Ederson

quarta-feira, novembro 24, 2010

Cadê mim?


Cadê mim?
Cadê?
Eu, por mim procuro.
E eu não me vejo

Em todos os espelhos
E à beira do lago
Não me vejo mais
Como eu gostava
Como costumava ser

Minha vida está se tornando tão grande
Eu tenho passado por tantos lugares
Aonde foi que me perdi?
Onde posso ter me esquecido?

Nem com toda a minha vaidade
Nem com toda aquela beleza
Que eu gostava de ver...

Eu estou cheio de lembranças
Eu estou cheio de saudades

A vida muda, como a estação muda
Como eu mudo, de cidade...
Como você planta uma muda
Como uma muda, única que me avistou
Não pode falar, dizer-me onde foi que me encontrou.


Ederson R. Zanchetta – 24.11.10

quinta-feira, julho 15, 2010

Indago...

De quê adiantaria uma vida toda se não há toda vida?
E assim vivamos sorrindo, gemendo e chorando
Nessa vida que se limita!


Ederson R. Z. - 15 jul 2010

segunda-feira, junho 28, 2010

Seguro obrigatório - DPVAT

Pois é...
Não postei este mês, mil coisas à resolver, mil coisas para esquentar a cabeça e o pior de todas é este!!!
Mês de vencimento, limite para pagar meu primeiro DPVAT da minha moto...
Eu queria te amar Brasil, de verdade... Juro que queria... Tá foda!

segunda-feira, maio 31, 2010

Um sonho num sonho

Este beijo em tua fronte deponho!
Vou partir. E bem pode, quem parte,
francamente aqui vir confessar-te
que bastante razão tinhas, quando
comparaste meus dias a um sonho.
Se a esperança se vai, esvoaçando,
que me importa se é noite ou se é dia...
ente real ou visão fugidia?
De maneira qualquer fugiria.
O que vejo, o que sou e suponho
não é mais do que um sonho num sonho.

Fico em meio ao clamor, que se alteia
de uma praia, que a vaga tortura.
Minha mão grãos de areia segura
com bem força, que é de ouro essa areia.
São tão poucos! Mas, fogem-me, pelos
dedos, para a profunda água escura.
Os meus olhos se inundam de pranto.
Oh! meu Deus! E não posso retê-los,
se os aperto na mão, tanto e tanto?
Ah! meu Deus! E não posso salvar
um ao menos da fúria do mar?
O que vejo, o que sou e suponho
será apenas um sonho num sonho?


Edgar Allan Poe

quinta-feira, maio 06, 2010

O velório

Nem todos, chorarão minha ida
Nem os chacais, nem os corvos
Minh’alma desvairada
Perambula, vagando os portos

A luz é um pequeno ponto
Enquanto as trevas são o todo à sua volta
Os cães uivam ao badalar estridente
Enquanto choram os que ficam e olham

A mãe me disse que ele está ali, dormindo
Está apenas a descansar

Retirar-me-ei então, daqui sorrindo

Está tarde e quero também me deitar


A vó brigou por terem me trazido aqui
Disse que não deveria ver nem compreender
Que noite esquisita e que fim notório
Velas, lágrimas e um caixão
Esta foi a vez, em que pequeno, fui a um velório


Ederson R. Zanchetta – 23 de abril de 2010